Histórico do Grupo Vale Sem Dor




No ano de 2005 um médico neurologista de São José dos Campos, que fica no Vale do Paraíba no Estado de São Paulo, Dr Sidney Sredni, procurando aperfeiçoar seus conhecimentos no tratamanto de seus pacientes com Dor Crônica, fez , no Grupo de Dor do HC/FMUSP o curso de Pós Graduação em Tratamento Interdisciplinar de Dor Crônica.


Dois anos após outro médico, também de São José dos Campos, desta vez um ortopedista, o Dr. Alexandre Guerreiro da Fonseca, fez pelos mesmos motivos a mesma Pós Graduação.


Apesar de já terem trabalhado por alguns anos no mesmo hospital em SJC eram apenas conhecidos de corredor de hospital, mas tendo feito a mesma Pós passaram a frequentar rotineiramente os mesmos Congressos, Simpósios e Cursos voltados para o tema Dor Crônica.

Nos intervalos das palestras e evento conversavam a respeito das dificuldades e problemas que encontravam no acompanhamento dos pacientes com Dor Crônica e principalmente na falta de um atendimento interdisciplinar, e não apenas multidisciplinar, além do fato dos pacientes e muitos colegas médicos desconhecerem o que vem a ser uma Dor Crônica, pois esta não é uma simples continuação de uma dor aguda.

No CINDOR ( Congresso de Dor do HC-FMUSP) encontraram outro colega do Vale do Paraíba que atua na área Dor, o Dr. José Wanderley Fonseca, anestesista da vizinha cidade de Jacareí, com formação em Dor na UNIFESP-EPM e durante um intervalo de palestar, no cafézinho, combinaram que na semana seguinte aoevento se reuniriam para discutir a possibilidade de se criar na região um Gurpo de Dor, um sonho comum do três.

No dia 26 de junho de 2010 o grupo foi oficialmente apresentado ao meio médico com o lançamento da Campanha Diga Não a Dor em evento ocorrido em São José dos Campos tornando este sonho comum destes médicos em algo concreto e real.



Evento de Lançamento do Grupo

Evento de Lançamento do Grupo

sábado, 2 de outubro de 2010

Fotos da palestra sobre Cefaléia feita pelo Dr. Sidney Sredni

A Palestra do Dr. Sidney Sredni foi uma palestra interativa e contou com a colaboração do Dr. Osvaldo Couto.
Apresentação de caso clínico pelo Dr. Osvaldo Couto


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

TENDINITE

TENDINITE



O que é Tenopatia, Tendinite, Tenossinovite e Tendinose ?


Tendinopatia: tendin + patia = Qualquer estado mórdido que atinja a um tendão

Pode ser:


• Tendinite


• Tenossinovite


• Tendinose


Tendinite: tendin + ite = É o processo inflamatório que atinge ao tendão


Tenossinovite: tendin + sinovia + ite = É o processo inflamatório que atinge ao tendão e estrutura envolvente


Tendinose: tendin + ose = É o processo inflamatório crônico ou degenerativo que atinge ao tendão.




















 FISIOPATOLOGIA


Tendão:são estruturas que por estabelecerem a ligação entre a massa muscular contráctil e o osso, são quase inextensíveis, muito resistentes às forças de tração e variam em comprimento e espessura, consoante as suas localizações anatómicas e o grau de condicionamento do indivíduo.



Os tendões são constituídos por numerosos fascículos de fibras de colagéneo, que se dispõe paralelamente, rodeadas e separadas por tecido conjuntivo, sendo por aí que circulam os vasos e nervos, dando origem a uma bainha fibro-elástica, que rodeia o tendão – designada por epitendineum.


Constituídos por numerosos fascículos de fibras de colagéneo, que se dispõe paralelamente, rodeadas e separadas por tecido conjuntivo, sendo por aí que circulam os vasos e nervos, dando origem a uma bainha fibro-elástica, que rodeia o tendão – designada por epitendineum.


São vascularizados por pequenas arteriolas, dispostas longitudinalmente a partir dos músculos adjacentes, a que se juntam pequenos vasos que emanam do tecido conjuntivo vizinho ou das bainhas da sinovial.

 
INFLAMAÇÃO



A inflamação (do Latim inflammatio, atear fogo) ou processo inflamatório é uma resposta dos organismos vivos homeotérmicos a uma agressão sofrida.

Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão celular ou tecidual.

Esta resposta padrão é comum a vários tipos de tecidos e é mediada por diversas substâncias produzidas pelas células danificadas e células do sistema imunitário que se encontram eventualmente nas proximidades da lesão.



Diversas vias estão envolvidas na resposta inflamatória.

Muitas destas vias são controladas por citocinas ou outros mediadores solúveis.

O tipo de cascata (sistema) envolvido na resposta depende do tipo do estímulo deflagrador, sua porta de entrada e característica do hospedeiro.

A resposta inflamatória pode ser benéfica ou prejudicial ao hospedeiro

Benefícios:



- Proteção ao organismo


- Aumento da perfusão local - aumento do fluxo celular"defensor"


- Exsudato: dilui ou inativa o imunogeno prejudicial


- Aumento da secreção glandular - limpeza local


- Coágulo local evitando disseminação


- Cicatrização


Malefícios:

 
- Lesão temporária ou permanente dos tecidos acometidos


- Alergias


- Hipersensibilidade


- Doenças Auto-Imunológicas.




Uma injúria qualquer que danifique a membrana das diferentes células do organismo será capaz de liberar frações de fosfolípedes, denominados ácido araquidônico, através da ação enzimática da fosfolipase A2 (PLA2) que, no estado não ativado encontra-se na forma esterificada, ligada à membrana celular


O ácido araquidônico, quando liberado, não tem ação inflamatória, entretanto, os produtos de sua degradação, formados através das isoenzimas denominadas cicloxigenase e lipoxigenase, são mediadores químicos fundamentais para o desenvolvimento do processo inflamatório

ETIOLOGIA
Fatores Mecânicos:


 Traumas


 Sobrecarga


 Esforços prolongados


 Esforços repetitivos






Fatores Químicos


 Toxinas ( doenças sistemicas)


 Desidratação


 Alimentação

 


DIAGNÓSTICO


Como tudo em Medicina baseia-se na tríade:



 Anamnese


 Exame Físico


 Exames complementares






ANAMESE


• Queixa Prinicipal:


• História da Doença Atual


• História Patologica Pregressa


• Antecedentes Pessoais


• Antecedentes Familiares


• História Ocupacional


EXAME FÍSICO


Geral


• Sinais vitais


• Torax


• Abdomen

 
Segmentar


• Ortopédico


• Vascular


• Neurológico


• Manobras especiais






EXAMES COMPLEMENTARES



• Laboratoriais


• Bioquímica


• Provas específicas


• Imagem


• Radiografia


• Ultrassonografia


• Ressonância



TRATAMENTO


1º Passo – Eliminação do fator etiológico


2º Passo – Uso da medicação adequada


3º Passo – Medidas complementares corretas


4º Passo - Condicionamento


5º Passo – Prevenção de recidivas





FATORES MECÂNICOS


Eliminação do agente causal:


• Repouso


• Imobilização com tala ou gesso


• Descompressão cirugica






FATORES QUÍMICOS


• Tratar da doença base


• Hidratar


• Corrigir dieta






MEDICAÇÃO


Na tendinite usamos :


– Antiinflamatórios:


• Corticoesteróides


• Antiinflamatórios não esteróides (AINEs)


• Coxibs


– Analgésicos:


• Não opiódes


• Opióides






MEDIDAS COMPLEMENTARES


• Fisioterapia


• Acupuntura


• Dieta


• Psicoterapia


• Outras






FISIOTERAPIA


• Eletroterapia


• Termoterapia


• Cinesioterapia


• Tecnicas manipulativas


• Massoterapia


• Hidroterapia






CONDICIONAMENTO FÍSICO


Após a regressão da sintomatologia e regressão do quadro


deve-se iniciar um processo lento de condicionamento físico para dar resistência (“endurance”) as estruturas musculo tendíneas.






PREVENÇÃO DAS RECIDIVAS


– Controle das condições desencadeantes


– Educação


– Medidas ergonômicas em casa e no serviço


• Posturas corretas


• Evitar esforço excessivo e repetitivo


• Estresse


• Condicionamento físico


• Reeducação alimentar


• Outras medidas




terça-feira, 24 de agosto de 2010

Novos Critérios Diagnósticos para Fibromialgia

Com um melhor conhecimento e avaliação dos portadores de fibromialgia, com os anos os paradigmas da doença foram gradativamente sendo mudados pois muitos sintomas alem dos descritos no critério diagnóstico de 1990 ( descritos na postagem anterior que fala sobre Fibromialgia) estão presentes em muitos dos pacientes com fibromialgia ( pelo menos um destes sintomas está presente em todos pacientes fibromiálgicos) e tem um grande impacto na doença em si (principalmente na qualidade de vida do paciente) em no seu tratamento ( pois muitas vezes levam a um tratamento simplesmente dos sintomas de maneira unidisciplinar sem tratar-se da fibromialga em si, que necessita sempre de uma abordagem interdisciplinar).

 
Foram descritos:
Sintomas Centrais :
  • Cefaléias crônicas
  • Transtornos do sono ( interrupções/ sono não reparador, etc.)
  • Enjôos
  • Transtornos cognitivos
  • Transtornos de memória
  • Ansiedade
  • Depressão
Sintomas Musculares:
  • Dor
  • Fadiga
  • Fasciculação
 Sintomas Urinários:

 
  •  Transtornos urinários
 Sintomas Ginecológicos :

 
  •  Dismenorréia
 Sintomas Oculares:

 
  •  Alterações visuais

 Sintomas faciais:

 
  •  Disfunção mandibular

 
 Sintomas Sistêmicos:

 
  • Dor generalizada
  • Aumento de peso
  • Expectoração
  • Sensibilidade química variável

   Sintomas cutâneos:

  •   Queixas varidadas

   Sintomas Toraxicos:

  •   Dor torácica

   Sintomas Gástricos:

  •   Nauseas

 
Sintomas Articulares:

  •   Rigidez matinal

 
 Também foram identificados 3 grupos de pacientes com Fibromialgia:

 
Grupo 1 - pacientes com fatores psicológicos neutros, que representam cerca de 50 % dos pacientes fibromiálgicos, caracterizam-se por terem:

 
 Depressão e ansiedades leves

  
 Não serem muito sensíveis a dor, geralmente a dor incomoda , mas é de baixa intensidade

 
  Tem baixo catatrofismo

 
 Tem um controle moderado sobre a dor

 

Grupo 2 – pacientes em que os fatores psicológicos pioram os sintomas, representam 30 % dos pacientes fibromiálgicos, caracterizam-se por terem

 
 Depressão e ansiedade altas

 
 Serem sensíveis a dor que se apresenta com intensidade moderada

 
 Terem catatrofismo muito alto
 Não tem nenhum controle sobre a dor

 
   
Grupo 3 – Pacientes com resilência psicológica, representam 16% dos pacientes fibromiálgicos, caracterizam-se por terem

  
 Depressão e ansiedades leves

  
 Serem extremamente sensíveis a dor que é de grande intensidade
 Catatrofismo muito baixo

 
 Alto controle sobre a dor

 

O somatório do percentual dos pacientes nos 3 grupos é de 96 % devido ao fato que 4% dos pacientes fibromiálgicos não se encaixam em nenhum dos 3 grupos

 
  
 Resilência psicológica : A psicologia tomou essa imagem emprestada da física, definindo como a capacidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situação adversas – choque, estresse, etc. – sem entrara em surto psicótico

 
Por este motivo com o tempo surgiu a necessidade para uma atualização dos critérios de diagnóstico da fibromialgia, esta revisão coube a um grupo de especialistas de âmbito mundial e seu resultado foi recentemente publicado na revista Arthritis Care & Reseach ( vol 62 nº 5, May 2010,pp 600-610 ) do American College of Rheumatology num artigo com o título:

    
“The American College of Rheumatology – Preliminary Diagnostic Criteria for Fibromyalgia and Measuremente of Symptom Severty,”

  
Este artigo assinado por este grupo de pesquisadores que ( Frederick Wolfe, Daniel J. Clauw, Mary-Ann Futzcharles, Don L Goldenberg, Robertt S. Katz, Phillip Mease, Antony Russel, I. Jon Russen, John B. Winfield e Muhammad B. Yunus ) apresentam um critério que dispensa o uso dos tender points ( que necessita de treinamento e prática).

  
Os autores mostram o resultado de um estudo na qual surge um novo critério para o diagnóstico de fibromialgia preciso que pode ser utilizado tanto pelos clínicos que fazem o primeiro atendimento assim como pelos especialistas e cuja especificidade de diagnóstica se mostra superior aos do critério de 1990.

  
  
Critério ACR 2010:

 
Um paciente preenche os critérios diagnósticos para fibromialgia se preencher todas condições seguintes:

 
 1 ) Indice de Dor Generalizada (IDG) > 7 e Escala de Severidade de Sintomas (ESS) > 5 ou IDG entre 3 e 6 com ESS > 9.

  
2) Os sintomas se apresentam num nível similar por pelo menos 3 meses

  
3) O paciente não apresenta nenhuma alteração que explique a causa da dor que não seja esta ( F.M.)

 
   
Determinação do IDG e do ESS :

 
 I ) IDG: anote o número de areas que o paciente teve dor na última semana.

 
 Em quantas areas o paciente teve dor ?

 
O escore vai variar entre 0 e 19

  
1) ( ) Cintura escapular , esquerda

 
2) ( ) Cintura escapular, direita

 
3) ( ) Braço , esquerdo

 
4) ( ) Braço, direito

 
5) ( ) Antebraço, esquerdo

 
6) ( ) Antebraço, direito

 
7) ( ) Quadril ( nádega, trocanter) , esquerdo

  
8) ( ) Quadril ( nádega, trocanter),, direito

  
9) ( ) Coxa , esquerda

 
10) ( ) Coxa, direita

 
11) ( ) Perna esquerda

 
12) ( ) Perna, direita

 
13) ( ) Mandíbula, esquerda

  
14) ( ) Mandíbula, direita

 
15) ( ) Tórax

 
16) ( ) Abdomen

 
17) ( ) Pescoço

 
18) ( ) Dorso

  
19) ( ) Lombar

  
II ) ESS:

 
 A - Fadiga ( )

 
 B - Sono não reparador ( )

 
C – Sintomas Cognitivos ( )

 
Para cada um dos 3 sintomas acima indicar o nível de severidade na última semana usando a seguinte escala:

 
0 = sem problemas

 
1 = problemas leves ou suaves ; geralmente suaves ou intermitentes

 
2 = problemas moderados ou consideráveis; presentes frequentemente e/ou num nível moderado

 
3 = problemas severes, persistentes, continuo, afetando as atividades de vida diária

D – Sintomas Somáticos

 
Em relação aos sintomas somáticos usar a seguinte escala:
0 = sem sintoma

1= poucos sintomas

2 = um número moderado de sintomas

3 = um grande número de sintomas
 
A Escala de Severidade de Sintomas é a soma da severidade dos 3 sintomas ( fadiga; sono não reparador; sintomas cognitivos) mais a quantidade ( severidade) dos sintomas somáticos em geral. 
O escore final fica entre 0 e 12

   
Os sintomas somáticos que podem ser considerados são:
  • dores musculares,
  • sindrome do colo irritável,
  • fadiga/cansaço,
  • problemas de raciocínio e memória,
  • fraqueza muscular,
  • cefaléia,
  • dor e cólicas abdominais,
  • dormência e formigamento,
  • vertigens,
  • insônia,
  • depressão ,
  • obstipação,
  • dores no abdomen superior,
  • nauseas,
  • nervosismo,
  • dor torácica,
  • visão turva,
  • febre
  • diarréia,
  • boca seca,
  • coceira,
  • fenômeno de Raynaud,
  • zumbindo,
  • vomitos,
  • dor precordial,
  • úlceras orais,
  • perda ou mudança de paladar,
  • olhos secos,
  • perda de fôlego,
  • perda de apetite,
  • rash,
  • sensibilidade ao sol,
  • dificuldades auditivas,
  • perda de cabelo,
  • poliúria e
  • espasmos vesicais.

 
  Fonte dos Critérios Diagnósticos : Arthritis Care & Reseach ( vol 62 nº 5, May 2010,pp 600-610 ) do American College of Rheumatology.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Fibromialgia

A - O que é Fibromialgia ?
Fibromialgia é uma síndrome caracterizada por dores musculosqueléticas generalizadas e crônicas, associadas à presença de tender points, fadiga, distúrbios do sono e rigidez matinal com freqüente impacto na capacidade funcional e qualidade de vida.
B – Qual a importância da Fibromialgia ?

Estima-se que aproximadamente 14% da população (em nível internacional) e 10% (nacional – Brasil) sofram desta síndrome. E que sua ocorrência, na maioria, são nas mulheres (80% dos casos) e idade entre 29 e 37 anos.

C – A Fibromialgia é uma doença recente?
Não , ela já vem sendo estudava e vista com outro nome desde o início do século passado.
Em 1904, Sir William Gowers, introduziu na literatura o termo "fibrositis" (em português, fibrosite), englobando síndromes regionais como lumbago, síndromes miofasciais e cérvico-braquialgias, cuja etiologia seria um processo inflamatório do tecido fibroso do músculo. Gowers também enfatizou a hipersensibilidade ao toque, a presença de fadiga, distúrbio do sono e a ausência de sinais inflamatórios sistêmicos. Fatores agravantes ou precipitantes compreendiam a exposição ao frio e o esforço muscular excessivo.

D – Qual a causa da Fibromialgia ?
Até recentemente pensava- se que a fibromyalgia era um tipo de reumatismo não articular, mas atualmente considera-se a fibromyalgia como sendo uma das Síndromes de Sensibilização Central, na qual os neurônios do corno posterior da medula se tornam hiper responsivos aos estímulação nociceptiva e somática.
Ou seja estímulos que normalmente causariam pouca ou nenhuma dor passam a ser extremamente dolorosos.

E – Como se diagnostica a fibromialgia?
O diagnóstico da Fibromialgia é eminentemente clínic, atualmente ainda se usam os critérios diagnósticos propostos pelo Colégio Americano de Reumatologia em 1990 que são:

I) História de dor difusa, persistente por mais de três meses. A dor é considerada difusa quando está presente tanto no lado direito e esquerdo do corpo quanto acima e abaixo da cintura. A dor também deve estar presente em pelo menos um segmento do esqueleto axial (coluna cervical, torácica ou lombar).

II) Dor em 11 de 18 pontos dolorosos, à palpação digital realizada com uma pressão aproximada de 4 kg.f.
Para um ponto doloroso ser considerado positivo o indivíduo deveria responder à palpação com expressão facial, movimento leve ou exagerado do corpo, tentar mover o corpo para fora do alcance do examinador ou o paciente não se deixar tocar. Ponto sensível não foi considerado como ponto doloroso. Os 9 pares de pontos dolorosos bilaterais estabelecidos para pesquisa foram:

1) Subocciptal - Na inserção do músculo subocciptal.
2) Cervical baixo - Posteriormente ao 1/3 inferior do músculo esternocleidomastóideo, correspondendo ao ligamento intertransverso de C5-C7.
3) Trapézio - Ponto médio da borda superior.
4) Supra-espinhoso - Acima da espinha da escápula e próximo à borda medial, na origem do músculo supra-espinhoso.
5) 2a junção costo-condral, lateral à junção - Na origem do músculo grande peitoral.
6) Epicôndilo lateral - 2 a 5 cm distal ao epicôndilo.
7) Glúteo - no quadrante superior externo da nádega, na porção anterior do músculo glúteo médio.
8) Trocatérico - posterior à proeminência do trocater.
9) Joelho - no coxim gorduroso, na linha medial do joelho.
Os resultados deste estudo, demonstraram que estes critérios apresentaram sensibilidade de 88,4% e uma especificidade de 81,1%, em relação às outras doenças reumáticas.
Não existem exames subsidiários, laboratoriais ou radiológicos, para auxiliar no diagnóstico (Wolfe et al., 1990)

OBS: Tais critérios estão para ser atualizados pelo próprio Colégio Americano de Reumatologia, conforme artigo publicado em sua revista em maio de 2010.

F – Como se trata a Fibromialgia?
Por meio de uma abordagem multi e interdisciplinar seguindo os seguintes passos:

1º Passo - Educação do Paciente

  •  Descrever a condição 
  •  Discutir e avaliar as possíveis formas de tratamento
2º Passo - Tratamento farmacológico

  •  Monoterapia
  •  Terapia combinada ( subindo e descendo degraus da escada da OMS)
 3º Passo - Tratamento não farmacológico

  •  Exercícios
  • Alongamentos
  • Condicionamento aeróbico
  • Terapia Cognitiva Comportamental
  • Psicoterapia
 4º Passo - Modalidades adicionais ( geralmente escolhidas pelo paciente)
  • Acupuntura 
  • Terapia complementar 
  • Terapia alternativa
G – Quais medicamentos funcionam no controle da Fibromialgia ?

  1 - Forte Evidência de Eficácia

- Inibidores duais da recaptação da serotonina

• Compostos tricíclicos
•IRSN (Inibidores da Recaptação da Serotonina-Norepinefrina)
•ISRN (Inibidores Seletivos da Recaptação da Norepinefrina)

– Anticonvulsantes

    2 - Modesta Evidência de Eficácia

– Tramadol

– ISRS (Inibidores Seletivos da Reacaptação da Serotonina)

     3 - Fraca Evidência de Eficácia –

– GH ( hormônio de crescimento)

– 5-hidroxytriptamina

– tropisetron

– S-adenosil-L-methionina (SAMe)

   4 - Nenhuma Evidência –

– Opioides,

– Corticosteroids

– AINEs

– benzodiazepinicos

– hipnoticos não benxzodiazepínicos

– guanifenesina

Fonte : Goldenberg et al. JAMA. 2004

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fatores que causam dores nas costas

Recentemente devido a Copa do Mundo saiu artigo sobre a contusão de coluna do goleiro Julio César e alguns pacientes me perguntaram se era verdade que uma protusão discal não causava dores.


Infelizmente existe uma tendência histórica em se querer simplificar tudo e/ou generalizar , principalmente aquilo que nos parece complexo ou desconhecido.

Como em qualquer atividade ou matéria a generalização e a simplificação são extremamente perigosas. Nada é mais danoso que uma meia verdade na hora errada. Já diz um provérbio Ídiche: “Meia verdade é uma mentira inteira”. Por isso em qualquer assunto é muito importante a informação correta e completa.

Não é incomum se rotular todos os problemas de coluna como sendo ou” Bico de Papagaio “ ( Oteofitose ) ou Hérnia de Disco, quando na realidade a coluna é rica em estruturas ósseas, articulares e nervosas que podem ser lesadas e causarem fortes dores lombares.

O ser humano é em termos biomecânicas o ápice da evolução, sendo o único bípede que anda ereto e o único ser com a habilidade manual possível pelo movimento de oponência de polegar, mas isso tem seu preço.

Costumo dizer , para os aficionados em carro que somos uma Ferrari, fórmula 1, com toda tecnologia super moderna, projetados para fazer um determinado tipo de ação ( no nosso caso é pensar ), mas que por algum desvio muitas vezes somos colocados para executar tarefas e atividades para as quais não fomos projetados ( como trabalho braçal, esforço físico, posturas incorretas , etc. ) , algo como se colocar esta Ferrari fórmula 1 para funcionar como trator puxando arado ou como um táxi na grande São Paulo e isto tem seu custo em lesões e dor.

Assim sendo dependendo da protusão, se ela poderá ou não causar dor. Num atleta, que tem um acompanhamento físico constante e um treinamento especializado pode até ser verdade que não cause dor ( mas mesmo assim se usou uma proteção), mas num “peão de fábrica”, num ritmo de linha de montagem sem pausas e/ou preparação física é quase impossível que uma protusão permaneça por muito tempo assintomática.

Para conhecimento abaixo um resumo de algumas condições que podem causar dores na coluna.

OSTEOFITOSE ( BICO DE PAPAGAIO)

O osteofito é uma uma formação óssea anormal, muito frequente, que é produzida na proximidade das articulações vertebrais, podendo ter outras localizações. É conhecido popularmente como bico de papagaio

São formações parecidas com pequenos calombos ou saliências que pode ser sentida com o toque dos dedos. Estas formações surgem para absorver alguma sobrecarga nas articulações. Mais comum aparecerem na coluna, mas podem surgir em outros lugares do corpo e perto de articulação, como punho, dedos.

DISCO INTERVERTEBRAL

O disco intervertebral é uma estrutura colocada entre duas vértebras. O disco possui uma área central gelatinosa (núcleo pulposo) circundada por um anel fibroso, que mantém esse núcleo no seu interior.

O núcleo gelatinoso funciona como um amortecedor inteligente. Devido a fatores como seu envelhecimento (degeneração), o anel às vezes se rompe e permite a saída de parte do núcleo. Esse material gelatinoso pode comprimir a raiz nervosa e provoca os sintomas de uma hérnia (de disco).

PROTUSÃO DISCAL

Como resultado de diversos pequenos traumas na coluna que vão, com o passar do tempo, lesando as estruturas do disco intervertebral, ou como conseqüência de um trauma severo pode acontecer as alterações discais. Fazem com que o disco ou parte dele migre de seu local em direção ao canal medular ou nos espaços por onde saem as raízes nervosas, levando à compressão das raízes nervosas.

Para que se constitua em hérnia, a protrusão deve ir além da abertura natural do invólucro, cobertura, membrana, músculo ou osso; ou rompê-lo. Essa é a diferença entre protrusão discal e hérnia de disco. Na chamada protrusão discal, o disco não rompe o anel fibroso. Na hérnia discal ocorre ruptura do anel fibroso em volta do disco intervertebral, e projeção do disco além desse anel, saindo da cavidade que o contém, conforme mostrado na figura abaixo.

HÉRNIA DE DISCO

A hérnia de disco surge como resultado de diversos pequenos traumas na coluna que vão, com o passar do tempo, lesando as estruturas do disco intervertebral, ou pode acontecer como conseqüência de um trauma severo sobre a coluna. A hérnia de disco surge quando o núcleo do disco intervertebral migra de seu local, no centro do disco para a periferia, em direção ao canal medular ou nos espaços por onde saem as raízes nervosas, levando à compressão das raízes nervosas.

• Protrusas: quando a base de implantação sobre o disco de origem é mais larga que qualquer outro diâmetro.

• Extrusas: quando a base de implantação sobre o disco de origem é menor que algum dos seus outros diâmetros ou quando houver perda no contato do fragmento com o disco. ( geralmente traumáticas e agudas , progressão de uma hérnia protusa)

• Seqüestradas: quando um fragmento migra dentro do canal, para cima, para baixo ou para o interior do forâmen. ( progressão de uma extrusa)



Apresentam, como quadro clínico, dor lombar (lombalgia, lumbago) freqüentemente associada a dor em choque, formigamento, perda de sensibilidade ou força em um dos membros inferiores, raramente com acometimento do controle urinário e fecal e da potência sexual. O diagnóstico é feito atualmente pelo exame clínico neurológico, e confirmado pelos exames de tomografia computadorizada e ressonância magnética de coluna lombar. Os níveis mais comumente afetados são L5/S1 e L4/L5.

O tratamento consiste em analgésicos, repouso relativo, reabilitação com fisioterapia e, em alguns casos, cirurgia. Dentre os tipos de cirurgia, enumeramos a laminectomia com retirada do disco herniado (discectomia) e a microdiscectomia (laminectomia de menor extensão com discectomia auxiliada por microscópio cirúrgico). As herniações mais laterais ou pelo forame intervertebral podem necessitar de foraminotomia associada ou acessos mais lateralizados com hemilaminectomia.

ABAULAMENTO DISCAL

O Abaulamento Discal é o resultado da degeneração dos discos intervertebrais da coluna. Pode ser causado por vários motivos, entre eles o processo natural de envelhecimento. Essa degeneração causa fissuras no núcleo pulposo (centro do disco) e no seu anel fibroso (o anel que circunda o disco), não conseguindo impedir que os mesmos se tornem achatados ( abaulados) escapem para fora do espaço intervertebral.

Normalmente o abaulamento por ser um processo normal é assintomático e não causa alteração no neuro forâmen, pois trata-se de uma migração uniforme, mas pequenos traumas, movimentos repetitivos e esforço físico em posturas anti ergonômicas podem fazer com que esta abaulamento venha obstruir o foramen neural causando sintomas e ate mesmo radiculopatias similares as que ocorrem numa hérnia discal



REDUÇÃO FORAMINAL

O neuroforamem é a abertura formada pela articulação de duas incisuras vertebrais. Através dele passam os nervos espinhais.

A coluna vertebral tem duas funções básicas.

A primeira serve como eixo de sustentação da estrutura corporal. Para agilizar os movimentos, o corpo realiza complexos movimentos no sentido antero-posteiror (flexão e extensão) como no sentido lateral e rotacional. Para que esses movimentos se realizem, verifica-se um deslocamento menor na porção anterior e um deslocamento intervertebral mais amplo na região posterior, onde localizam-se as apófises articulares, apófises transversas e posteriores.

A segunda função da coluna vertebral está relacionada com a condução das estruturas nervosas através do canal vertebral e dos foramens intervertebrais. A estrutura medular nervosa como tal, estende-se desde C1 (primeira vértebra cervical) até L1 (primeira vértebra lombar). A partir desta, temos o filum terminal, que compõem-se do final da medula e estende-se com a cauda eqüina composta pelas raízes nervosas lombares e sacras.

As raízes nervosas são prolongamentos dos neurônios motores localizados na medula. O encontro da raiz sensitiva (aferente) e motora (eferente) constitui o gânglio nervoso ao nível do forâmen de conjugação.

O tamanho do foramen por onde passa a raiz nervosa varia conforme posição, patologia, carga de peso que a espinha suporta e postura. Os foramens podem ser fechados por mudanças degenerativas devido à artrite e podem também ter lesões que ocupem seu espaço como tumores, metástases e alterações do disco vertebral.

A artrose é um processo degenerativo de desgaste da cartilagem, que afeta sobre tudo as articulações que suportam peso ou as que fazem movimentos em excesso, como por exemplo as cadeiras, os joelhos ou os pés".

ARTROSE INTERFACETÁRIA

Esta doença vincula-se ao envelhecimento das articulações, ligado ao passar do tempo. Inicia-se, em geral, a partir dos 40 ou 45 anos. Porém, também pode aparecer de forma precoce como conseqüência de traumatismos ou problemas congênitos que afetem a articulação.

Em geral, o envelhecimento e a sobrecarga da articulação fazem com que a cartilagem se desgaste e perca agilidade e elasticidade. Os sintomas da artrose são a dor e a limitação da função articular. A limitação do movimento deve-se ao fator mecânico: as superfícies articulares, em vez de estarem acolchoadas pela cartilagem, tornam-se rugosas e atritam-se.

A medida que o osso se destrói, produz-se um processo reparador que consiste em formar um novo osso, porém com características diferentes do osso normal. É o que se conhece comumente nas vértebras como bico de papagaio, e que tecnicamente denominam-se osteofitos.

Além da idade, existem fatores que favorecem o aparecimento da artrose. Um dos mais importantes é o sobrepeso, porque produz uma sobrecarga nas articulações. Neste sentido é importante que a alimentação consista em uma dieta balanceada e sem excesso de gorduras, para evitar o sobrepeso. A obesidade sempre é acompanhada pela artrose.

Apófise Vertebral Posterior: as apófises posteriores da coluna vertebral são saliências ósseas de localização posterior formada como uma expansão da lâmina vertebral. Estão situadas na linha média posterior da coluna. Apófise Transversa ou Costiforme: localiza-se lateralmente em relação ao eixo vertebral e constitui uma expansão dos pedículos na sua face lateral. Exceção é feita na quinta vértebra lombar, cuja apófise transversa é uma extensão posterior do corpo vertebral.

Apófises Articulares: são saliências articuladas da porção pedicular que relacionam as vértebras entre si, constituem o apoio posterior intervertebral. O apoio anterior é realizado pela estrutura do disco intervertebral. As apófises articulares, relacionadas entre si nas vértebras adjacentes, formam a articulação interapofisária, cuja relação intervertebral dão origem ao forâmen de conjugação.

DOENÇA DEGENERATIVA DISCAL



Estas lesões iniciam-se nas articulações e secundariamente afetam os ossos. Tanto as articulações disco-vertebrais quanto as interapofisárias apresentam degeneração e não se sabe porque algumas pessoas têm degeneração maior do disco enquanto outros têm degeneração maior de interapofisárias.

A degeneração do disco começa com uma alteração em sua composição, onde as fibras de colágeno, que retêm mais água e por isto são mais elásticas, são progressivamente substituídas pelas menos hidrofílicas, o que reduz a capacidade de amortecedor do disco. Uma teoria é de que a progressiva deposição de cálcio nos platôs cartilaginosos diminui o fluxo de água e nutrientes para o disco (embebição) e isto desencadeia a degeneração.

Com a degeneração, o disco perda altura e apresenta abaulamento difuso, ultrapassando os limites dos corpos vertebrais adjacentes.



DISCOPATIA DOLOROSA

Embora seja a mais comentada e temida, a hérnia não é a única patologia do dsico intervertebral Devido a sua função amortecedora, o disco é uma estrutura naturalmente sujeita a desgaste, chamado de degeneração discal A degeneração do disco não é necessariamente uma doença, de fato, é um acontecimento normal, que faz parte do processo de envelhecimento. Todas as pessoas de 50 anos ou mais, mesmo as que nunca tiveram nenhum problema nas costas, apresentam sinais de degeneração discal. Porém, em um número grande de casos ocorre uma degeneração sintomática, ou seja, a degeneração discal provoca dor e outros sintomas.

Diferente da hérnia, na discopatia dolorosa não precisa haver ruptura do disco, sendo mais comum a perda da capacidade de amortecimento pela redução na altura e pelo endurecimento das estruturas discais. Por isso, o sintoma mais comum é a dor na região lombar, de caráter incomodativo, mas que pode evoluir com crises de dor bastante intensa e, geralmente, durando bastante tempo.

O diagnóstico e tratamento das discopatias dolorosas é motivo de controvérsia, pois muitas vezes tratamento medicamentoso e a fisioterapia habitualmente usada para problemas de coluna quase não tem resultado.



ESTENOSE ESPINHAL

A coluna é uma estrutura móvel, bastante sujeita a traumatismos e a degeneração, que é o processo de desgaste gradual que acompanha o envelhecimento, mas pode ser acelerado em alguns indivíduos. As estruturas da coluna mais vulneráveis à degeneração são os discos e as articulações facetarias

Mesmo no processo de envelhecimento normal, os discos tendem a reduzir-se até o colapso, as articulações ficam aumentadas pelo processo de artrose e os ligamentos engrossam, perdendo sua elasticidade e seu poder de estabilizar a coluna. Passa a existir uma hipertrofia (aumento) das estruturas articulares e, ocasionalmente, algum desalinhamento entre as vértebras ( espondilolistese degenerativa ) Todas essas alterações levam a uma redução gradual do espaço disponível para os elementos nervosos, o que se chama estenose espinhal.

Embora seja parte do processo de envelhecimento normal, muitas vezes essa estenose provoca sintomas de compressão dos nervos, como dores nas pernas, diminuição da sensibilidade e dificuldade para caminhar. A maioria dos casos podem ser tratados clinicamente, mas algumas vezes pode ser necessário um bloqueio epidural ou mesmo uma cirurgia de descompressão ou artrodese da coluna

ESPONDILOLISTESE DEGENERATIVA

É uma deformidade em que uma vértebra desliza sobre outra, provocando um desalinhamento da coluna. Isso ocorre devido a um desgaste das articulações responsáveis pela sustentação. Este deslizamento ocorre de forma muito lenta, e muitas vezes está estacionado, não é progressivo.

É muito raro que as espondilolisteses degenerativas cheguem a se manifestar por deformidades físicas visíveis, pois o deslizamento das vértebras costuma ser pequeno. Os sintomas mais comuns são a lombalgia crônica e a chamada dor ciática

O tratamento inicial visa o controle da dor, consistindo de medicação, exercícios e fisioterapia. Os bloqueios para tratamento de dor também podem ser utilizados. A cirurgia se reserva para os casos mais graves e para aqueles em que os outros tratamentos não funcionaram. Na cirurgia, os nervos que estão apertados devem ser liberados e a vértebra que apresenta instabilidade deve ser fixada. A fixação costuma ser feita com a colocação de implantes metálicos de titânio (parafusos), para se fazer uma artrodese de de coluna. Na maioria dos casos não é necessário trazer a vértebra de volta para o lugar, apenas fixá-la de modo a impedir que siga se movendo.



ESPONDILOLISTESE ÍSTMICA

É uma deformidade em que uma vértebra desliza sobre outra, provocando um desalinhamento da coluna. Isso ocorre devido a alguns tipos de defeitos na parte posterior da vértebra, sendo o mais comum a espondilólise, uma fissura nas juntas que sustentam o alinhamento espinhal. Este deslizamento ocorre de forma muito lenta, e muitas vezes está estacionado, não é progressivo.



Diferente da espondilolistese degenerativa, esta patologia pode ocorrer em jovens e crianças, devendo sempre ser pesquisada em crianças que se queixam de dores nas costas.

As deformidades físicas visíveis podem acontecer, mas apenas nos casos mais graves, em que o deslizamento é muito grande. Os sintomas mais comuns costumam ser lombalgia crônica e dor ciática

O tratamento inicial visa o controle da dor, consistindo de medicação, exercícios e fisioterapia. Como em todas as deformidades, a única maneira do problema ser corrigido é a cirurgia, que se reserva para os casos mais graves, e para aqueles em que os outros tratamentos não funcionaram. A técnica é a mesma da espondilistese degenerativa.

OSTEOPOROSE

A osteoporose é um transtorno metabólico caracterizado pela diminuição da densidade óssea, o que aumenta a fragilidade do osso, deixando-o incapaz de resistir aos impactos que sofre no dia a dia. Isso pode fazer com que ocorram fraturas aos mínimos traumas, com conseqüências como as lesões de nervos, deformidades e dor acentuada.

Com o aumento na expectativa de vida, a osteoporose vem sendo cada vez mais comum, pois é uma patologia da terceira idade, especialmente das mulheres após a menopausa.

As fraturas de coluna estão entre as lesões mais comuns provocadas pela osteoporose. Geralmente estas fraturas podem ser tratadas com remédios para a dor, imobilização, fisioterapia e uso de coletes. A necessidade de tratamento cirúrgico está restrita às situações muito graves, em que há lesão neurológica ou dor intratável pelos meios comuns, o que acontece em apenas 0,2% dos casos.

Dicas:

 A falta de exercício piora a osteoporose. As caminhadas e exercícios, até mesmo a musculação, devem fazer parte do tratamento!

 Não basta tomar cálcio. Para que o cálcio fique no osso são necessárias outras substâncias, como os bifosfonados e a vitamina D.

 A exposição ao sol é muito importante, pois aumenta os níveis de vitamina D.

 Cálcio em excesso pode trazer problemas - fale com seu médico antes de tomar!

 O exame para detectar osteoporose é a densitometria óssea



ESCOLIOSE

Escoliose é uma deformidade em que existe uma curvatura lateral da coluna, fazendo com que o corpo fique assimétrico. A escoliose pode ter várias causas, mas o mais comum são as escolioses ditas 'idiopáticas', sem causa definida, que se manifestam ainda na puberdade e adolescência.

O tratamento depende de cada caso: quando o desvio é pequeno, costuma-se indicar exercícios posturais, nos desvios maiores pode ser necessário o uso de coletes, ou mesmo cirurgia corretiva.

A escoliose com curva acentuada é uma deformidade anatômica, a única maneira de corrigi-la é por cirurgia, os exercícios visam o controle da dor e a manutenção do quadro nos casos em que a deformidade é pequena.

Existem vários tipos de cirurgias para escoliose, com abordagens diferentes, mas, basicamente, a cirurgia consiste em colocar hastes metálicas que restituem o alinhamento e fixam a coluna, reduzindo a deformidade. Como em todas as cirurgias, o resultado varia a cada caso, e quanto mais grave o caso mais difícil o resultado ideal.

Em alguns casos há normalização do alinhamento da coluna, na maioria dos casos há melhora, que via de regra é grande, mas sem correção completa.



CIFOSE

Cifose é um aumento na curvatura da coluna torácica, fazendo com que o tronco fique curvado para frente e que apareça uma corcunda nas costas do paciente. A cifose pode ser devida a problemas de postura, mas também pode ser uma deformidade primária da coluna. A causa mais comum da cifose grave é a Doença de Scheuermann, uma enfermidade onde os discos e as vértebras perdem altura. Geralmente estas deformidades manifestam-se ainda na puberdade.

O tratamento depende de cada caso: quando a curvatura é pequena e não progressiva costuma-se indicar exercícios posturais, nos graus maiores pode ser necessário o uso de coletes, ou mesmo cirurgia corretiva. A cifose grave é uma deformidade anatômica, que só pode ser corrigida por cirurgia. Os exercícios visam o controle da dor e a manutenção do quadro nos casos em que a deformidade é pequena ou moderada.

O tratamento cirúrgico pode ser feito por vários tipos de abordagens diferentes, mas, basicamente, a cirurgia consiste em colocar hastes metálicas que restituem o alinhamento e fixam a coluna, reduzindo a deformidade. Como em todas as cirurgias, o resultado varia a cada caso, e quanto mais grave o caso mais difícil o resultado ideal. Em alguns casos há normalização do alinhamento da coluna, na maioria dos casos há melhora, que via de regra é grande, mas sem correção completa

NÒDULOS DE SCHMORL



Os nódulos de Schmorl representam migrações do tecido do disco intervertebral para o interior do corpo vertebral. Tanto so nódulos de Schmorl como a doença degenerativa do disco são comuns na coluna humana após determinada idade. Nem sempre causam sintomas álgicos

ARTROSE DE PLATÔ VERTEBRAL

São as alterações degenerativas que ocorrem entre a articulação do platô vertebral e o disco intervertebral, com destruição subcondral da cartilagem que reveste os paltôs vertebrais superiores e inferiores. Podem se tornar dolorosas como toda artrose

terça-feira, 6 de julho de 2010

História do Tratamento da Dor Crônica - Uma nova abordagem a uma velha conhecida

O estudo da dor crônica teve seu início não com um médico e sim com um psicólogo canadenese Ronald Melzac, que na sua após terminar os estudos de sua tese de Doutorado Phd em 1954 junto com D.O. Hebb na Universidade de MaGill em Montreal começaram a trabalhar com pacientes que sofriam de dores de membro fantasma, ou seja pessoas que relatavam sentir dores nos membros após os mesmos terem sido amputados.

Notou que as dores freqüentemente tinham pouco valor fisiológico e que algumas dores eram completamente desproporcionais ao dano tecidual, muitas vezes persistindo mesmo após o dano tecidual deixou de existir.

Ainda quando fazia os estudos como aluno da pós graduação Melzac iniciou a colheta de palavara dolorosas ( pain words) e começou a separá-las em classes que se assemelhavam como quente, queimação, escaldante e fervendo.

Em 1975 este estudo levou ao desenvolvimento do questionário Mc Gill, que atualmente é utilizado em clínicas de dor para câncer e cuidados paleativos.

Em 1965 enquanto no MIT ( Massachussets Institute of Technology ), junto com seu colaborador Patrick David Wall desenvolveu a “Teoria da Comportas para a Dor ”, que afirma que afirma que a dor é compartimentada ou modulada por uma experiência passada. A Teoria das Comportas levou a preciosa descoberta das endorfinas e encefalinas, os opióides naturais do corpo. Ele também é responsável por trabalhos em analgesia induzida por stress, dor em membro fantasma e a teoria da matrix neural.

Pesquisas posteriores em Mc Gill indicaram a existência de dois tipos de dores, transmitidas por duas vias distintas no sistema nervoso central. A dor aguda e rápida, tal como a dor de um corte no dedo é transmitida por uma via que denominou o sistema “lateral”, porque passa pela medula espinhal no seu aspecto mais lateral do H medular, enquanto que a dor crônica segue uma via mais central do H medular

Devido ao grande número de pacientes com dores crônicas, cerca de 30 % da população estudos sobre dor crônica começaram a se espalhar pelo mundo.

Em 1973 um anestesista do Estado de Washington, Professor de Anestesiologia da Universidade, Prof John Bonica, no EUA promoveu uma Conferência na cidade de Issaquah, próxima a Seatle da qual se originou o IASP ( International Association for the Study of Pain = Associação Interancional para o Estudo da Dor) e a revista Pain ( Dor), que atualmente está presente por meio de suas associações locais em 108 países.

No Brasil a Associação é a SBED ( Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor)

É da IASP a definição atual de dor, que deriva de uma definição feita por Harold Merskey em 1964, que foi tornada oficial em 1979 quando foi publicada na Revista Pain nº 6 na página 250.

“Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial, ou descrita em termos de tal (definição da Associação Internacional para o Estudo da Dor - IASP).”

Na década de 1960, a médica inglesa Cecily Saunders ( Mãe da especialidade chamada Cuidados Paleativos) acrescentou ao conhecimento da dor o conceito de dor total, através do qual admite que uma pessoa sofre não apenas pelos danos físicos que possui, mas também pelas conseqüências emocionais, sociais e espirituais que a proximidade da morte pode lhe proporcionar. Saunders estabeleceu a importância de uma abordagem multidisciplinar e da presença de uma equipe multiprofissional para que se obtenha o máximo sucesso no tratamento dessa pessoa.

Em 11 de outubro de 2004, Organização Mundial de Saúde (OMS) co-patrocinou o primeiro dia Global Contra a Dor, que busca atrair a atenção global para a necessidade urgente de um alívio melhor da dor para doentes com doenças tais como o câncer e SIDA. A campanha organizada pela Associação Internacional para Estudo da Dor (IASP) e a Federação Européia da IASP (EFIC), pedindo o reconhecimento que o alívio da dor faz parte integral do perfeito estado de saúde , tornando o alívio da dor um dos Direitos Universais do Homem

Em maio de 2008 no Panamá, no Fórum de Especialistas Latino-americanos a

FEDELAT – Federación Latinoamericana de Asociaciones para el Estudio del Dolor determinou que:

 O manejo adequado da dor é um direito do paciente

 Os médicos tem o dever de escutar e de atender adequadamente a dor reportada pelo paciente

 Oferecer o alívio necessário da dor é algo isento de uma responsabilidade legal potencial

 Os médicos que não se sentem capazes ou não estão disponíveis para garantir a adequada analgesia devem enviar o paciente a um colega com essa especialidade

 O manejo adequado da dor deve ser um componente obrigatório da educação médica continuada

Por que tanta importância no Tratamento da Dor crônica?

Cerca de um terço da população apresentará algum tipo de dor crônica durante a vida. À medida que vivemos mais, cresce o número de pessoas com dores na coluna, articulações, doenças reumáticas, câncer, degenerações ou inflamações nos órgãos internos e outros problemas que podem provocar dores crônicas.

Dor é uma sensação que surge quando há ameaça de dano aos tecidos. Senti-la é fundamental para manter a integridade do organismo. Doenças que alteram a sensibilidade estão associadas ao aparecimento de traumatismos e ferimentos imperceptíveis. É o caso das ulcerações que costumam surgir nos pés dos diabéticos portadores de neuropatias nos membros inferiores, por exemplo.

Quando um tecido é traumatizado ocorre liberação local de substâncias químicas, imediatamente detectadas pelas terminações nervosas. Estas disparam um impulso elétrico que corre até a parte posterior da medula espinal. Nessa região, um grupo especial de neurônios se encarrega de transmiti-lo para o córtex cerebral, área responsável pela cognição. Aí o impulso será percebido, localizado e interpretado.

Para se ter uma idéia da velocidade de transmissão do impulso elétrico, é só pensar no tempo decorrido entre encostarmos a mão num objeto quente e nos afastarmos dele.

Esse circuito complexo de fibras nervosas que conduzem o sinal está associado à liberação de mediadores químicos, responsáveis pela sintonia fina do mecanismo da dor. De um lado, o organismo precisa da dor para defender-se, mas o processo não pode ser perpetuado.

Com a finalidade de impedir que a dor persista mais tempo do que o necessário, os sinais que chegam ao cérebro e se tornam conscientes vão estimular a liberação de substâncias chamadas endorfinas (por sua semelhança à morfina) e encefalinas, que inibem a propagação do impulso elétrico.

O mecanismo de inibição da dor é tão importante para a sobrevivência do organismo, quanto o circuito responsável pela percepção dela. Se não fosse ele, a dor de um pequeno corte persistiria enquanto durasse o processo de cicatrização.

Dores crônicas podem ser devidas tanto a desordens do sistema responsável pela percepção quanto da inibição da dor. A fibromialgia, por exemplo, uma doença debilitante causadora de dores musculares crônicas muitas vezes não diagnosticada pelos médicos, é tida hoje como conseqüente a um desarranjo nos mecanismos de inibição da dor.

É um erro considerar a dor crônica como uma versão prolongada da aguda. Quando os sinais de dor são gerados repetidamente, os circuitos neurológicos sofrem alterações eletroquímicas que os tornam hipersensíveis aos estímulos e mais resistentes aos mecanismos inibitórios da dor. Disso resulta uma espécie de memória dolorosa guardada na medula espinal.

O conhecimento detalhado desses mediadores levará à descoberta de analgésicos mais potentes e com menos efeitos colaterais.

Os circuitos nervosos responsáveis pela dor crônica são tão diferentes daqueles associados à dor aguda, que muitos autores propõem nomes diferentes para caracterizar os dois processos: eudinia para as dores agudas e maledinia para as crônicas.

Dor crônica é uma doença debilitante com conseqüências nefastas para a condição física, psicológica e o comportamento. Seus portadores desenvolvem depressão, deficiências psicomotoras, lembranças e sensações de perda que muitas vezes guardam pouca relação com o quadro doloroso.

Tais sintomas costumam ser interpretados como característicos de patologias psiquiátricas, quando na verdade refletem apenas a semelhança que existe entre dor e memória.

Para agravar este quadro os estudos sobre dor crônica são muito recentes e sua importância só recentemente incluída pela OMS como direito fundamental.

Ainda são poucas escolas de medicina e de profissões afins que tem em sue currículo de formação o estudo da dor crônica e ainda existem muito Mitos e taus envolvendo a dor, que muito dificultam seu tratamento, seja pelos profissionais, seja pelos pacientes.

São mitos comuns:

1-A dor é uma parte da minha doença e eu devo tolerá-la. Ainda que seja inconfortável ela não é prejudicial. Fato: a dor coloca tensão sobre o corpo e rouba a energia que ele precisa para combater a doença. A dor interfere no apetite, no sono e atrapalha as atividades. Mantém você na cama quando o melhor seria estar se locomovendo e pode tirar uma importante ferramenta do seu sistema imunológico. A dor crônica pode alterar as células nervosas na medula causando hipersensibilidade para um mesmo estímulo. A dor é uma séria condição e deve ser tratada.

2- Bons paciente não se queixam de suas dores. Fato: controlar a sua dor é importante para o seu bem estar. Seu médico necessita saber se você está sentindo dor, se a sua dor está piorando ou se a medicação que você está tomando não está funcionando. O trabalho do seu médico é ajudar a descobrir um alívio para a sua dor.

3- Uma dor nova ou que aumenta de intensidade quer dizer que a minha doença está progredindo. Fato: aumento da dor ou mesmo diminuição do intervalo da dor pode significar que você está se tornando intolerante à medicação. Neste caso o seu médico pode aumentar a dose da medicação que você está tomando ou prescrever outra diferente. Sempre comunique ao seu médico uma dor nova, diferente ou que tenha mudado de intensidade.

4- Eu devo esperar até não aguentar mais para poder pedir por um remédio. Fato:a dor de pouca intensidade é mais fácil de ser controlada do que a dor de grande intensidade. Os médicos descobriram que é mais fácil tratar uma dor quando ela está no início ou então mais fraca e, por isso, muitos estão prescrevendo uma medicação para ser tomada durante o dia. A medicação tomada de uma forma regular previne de surgir uma dor e cria menos efeitos colaterais.

5- Se eu tomar muita medicação ela não vai fazer efeito quando eu realmente precisar dela. Fato: as medicações para dor não param de fazer efeito. Algumas vezes, quando você desenvolver resistência por uma droga ou a sua dor aumentar, o seu corpo vai necessitar de doses maiores ou de uma medicação mais forte (como a morfina, por exemplo).

Trata-se portanto de uma verdadeira revolução na cultura existente a respeito de dor

Por isso a importância do especialista em dor , o Algologista ( Algos = Dor + Logos = Estudo) e do tratamento interdisciplinar ( que difere do multidisciplinar) do paciente com dor



Alexandre Guerreiro da Fonseca